terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Lá se vai meu ídolo...

Problemas no som antes de um apagão no
Roots In Rio 2005. Foto: Simone Souza.

Um dos primeiros shows que vi em Itáunas, nas primeiras idas, foi o de um artista chamado Mestre Zinho (* 03/01/1947 / + 31/01/2010). Interessante ressaltar que já havia o visto em outro show, no Roots in Rio 2005; um show com direito a apagão e continuação mesmo sem a aparelhagem de som ligada.

De início eu pensei "como alguém pode ser tão pretensioso ao se intitular mestre", mas eu ainda não o conhecia. Depois fiquei sabendo que esse título não foi dado por ele mesmo. E o melhor é que Zinho era realmente um mestre.

Poucas vezes tive um ídolo que me fizesse caminhar por tantos lugares quanto ele. Foi por causa dele (entre outras coisas que movem um forrozeiro) que passei a ir em diversos roots e shows em BH - já que na minha cidade os forrós são raros.

Voltando ao show... era o meu primeiro FENFIT - Festival Nacional de Forró de Itaúnas (ES) e tudo era novidade. Queria conhecer tudo e viver todos os momentos possíveis e imagináveis daqueles lindos 10 dias de sol, chuva, mar, rio, amigos, colegas e forró! Foi uma edição memorável, pois ali foi criado o Trio dos Sonhos: Zinho, Dió e Dominguinhos em um mesmo palco. - e, amigos, eu estava presente nas duas vezes em que isso aconteceu na nossa linda capital do pé de serra. Mas eu ainda não conhecia o tal Zinho.

Zinho olha enquanto a galera de BH,
no Roots In Rio 2005, canta
"Forró do Apagão" durante uma
queda de energia.
Foto: Simone Souza.
Confesso vergonhosamente que não me lembro de praticamente nada do show que o Zinho fez. Eu estava tão preocupada em dançar que não vi todos os shows, mas me lembro de ouvir várias vezes, bem de lá do fundinho do Bar Forró, uma frase que ouviria sempre, mais ou menos assim: "horrôi moreeeena"!

Era um sotaque lindo, bem carregado e uma voz cheia de energia, mas só em BH que eu iria ver realmente o que era toda aquela luz presente no palco. Em Itaúnas cheguei a tirar uma foto com o meu então futuro ídolo, mas ficou só nisso, uma foto, tão inocente, tirada em uma câmera analógica, uma relíquia, uma joia; meus olhos tinham muita novidade para desvendar e então me dispersei totalmente - nem queiram saber quais significados estão por trás desta expressão.

Quando vi mais um show em BH, me apaixonei por aquele Erivan Alves de Almeida que fazia todo mundo dançar. Passei a ir em todos que pude, avaliei eventos como bons ou ruins de acordo com a presença do Zinho... Dentre as lembranças que possuo na mente, me recordo do beijo duplo que ganhei dele e seu cumpadre Dió no FENFIT de 2007, e do casamento lindo com Margot na capelinha de Itaúnas no fim de 2008.

Infelizmente, como diria a minha mãe, as pessoas não ficam para semente. Zinho sofreu com diversas doenças e ainda assim não deixou os palcos, emocionando os forrozeiros como aconteceu no Camping Roots, outro evento que teve sua história mudada pela sua presença. Só agora que não poderemos mais ver as suas lições de superação, mas as guardarei comigo.

Casamento na capelinha de Itaúnas em 30/12/2008.
Foto: Simone Souza.

Ao contrário do que muitos pensam, eu acredito que foi bom o mestre ter ido fazer parte de um trio que o velho Lua está liderando lá no céu. Acredito que ele deixou de sofrer e não teve a dor de continuar vivo e ter de abrir mão dos palcos e do seu público. Como qualquer pessoa que passa pelo mundo, ele foi julgado e muitas vezes condenado, não estou aqui para julgar o que ele foi, mas só quem o conheceu sabe o que ele representou e como será símbolo do forró para sempre.

Vá em paz, Zinho...
Sinto-me órfã...