Como eu havia dito no post Que show é esse!!?!!, comprei um livreto de cordel contando um pouco dos 35 anos de história d'Os 3 do Nordeste. Posto aqui o texto integral de Roberto Moraes.
Os 3 do Nordeste - A Bandeira do Forró
Autor: Roberto Moraes
Dois caboclos nordestinos
Foram ao RIO DE JANEIRO
Chegando lá se encontraram
Tempo depois um terceiro
Todos cheios de esperança
Era um sonho de criança
Como qualquer brasileiro
PACHECO de Rio Tinto
Os outros de João Pessoa
Três rapazes do Nordeste
Gente simples muito boa
Sem temer a desalentos
Estava os três talentos
Remando mesma canoa
ZÉ PACHECO e ZÉ DA EMA
Assim foi o combinado
ZÉ PARAFUSO o terceiro
O trio estava formado
Os três sangue nordestino
A espera que o destino
Decidisse o traçado
Trio Estrela do Norte
Depois Luar do Sertão
Esses os primeiros nomes
Na primeira formação
ZÉ DA EMA ia cantando
E os dois acompanhando
Coco forró e baião
O Senhador do rojão
Que já era produtor
Estava gravando um disco
Com um monte de cantor
Vendo o trio atuante
Convidou naquele instante
Sem prestar nem um favor
Já pronta a coletânea
Tudo já bem preparado
Feita uma excursão
Pro disco ser divulgado
Na hora de viajar
O ZÉ foi se embriagar
E o trio foi desfalcado
Na capital de SERGIPE
Logo ao desembarcar
GENIVAL saiu gritando
Quero um cabra pra cantar
Não precisa ser bonito
Basta ter o requisito
De forró pra interpretar
Alguém logo respondeu:
- Tem ZÉ CACAU DO ROJÃO
- SEU VAVÁ encontro aonde
Esse tal bicho papão
- Num circo que está armado
É um cantador danado
No palco é um furacão
GENIVAL de tão contente
Chega até ficar suado
Em saber que um problema
Estava em fim acabado
E foi ver o show de perto
O cabra foi convidado
ZÉ CACAU era brilhante
Era mesmo um furacão
Ao lado de parafuso
Pulava que só cancão
Todo mundo acenava
Quando PACHECO gritava:
- Aplausos pr'a esse negão
Tocavam em praça pública
Rádio e televisão
Clubes de bairros e boates
Era um show de animação
No forró dando o recado
Tocando xote e xaxado
Já chamavam atenção
Estava se aproximando
Pra ganhar mais um parceiro
Era um artista da época
De gravadora e dinheiro
Foi quando aproximou-se
Devagar e apresentou-se
Como JACKSON DO PANDEIRO
JACKSON DO PANDEIRO estava
Um pouco desenchavido
RAIMUNDINHO seu sanfoneiro
Há pouco tinha morrido
De um mal rapidamente
Deixou JACKSON e sua gente
Com o coração partido
Mas seu JACKSON DO PANDEIRO
Que viu a rapazeada
Convidou os três talentos
Pra free-lance na parada
Eles que só um corisco
Nem pensaram em qualquer risco
Conte com nó pra bocada
Já sabendo o Rei do Ritmo
Que Abdias aprovava
Foi logo o apresentando
Os três cabra que cantva
E sendo um diretor
Musical e produtor
Sucesso ele farejava
Feito um pequeno teste
Para ver os três cantando
Enquanto o trio cantava
Tinha um gravador gravando
Sem eles está percebendo
O que estava acontecendo
A dupla observando
JACKSON e seu ABDIAS
Se deram por convencidos
Como ficaria o nome
Daqueles três atrevidos
Se abraçaram de montão
Prepare a gravação
Que eles estão escolhidos
Feito um questionário
Pra ser feita a votação
Enviaram pro NORDESTE
Pra colher opinião
Rapidamente escolhido
E logo foi recolhido
O título com aprovação
Sugestivo foi o título
Foi cumprida a obrigação
O trio já tinha um nome
Foi unânime a votação
Nascia OS 3 DO NORDESTE
Expressão bem do Nordeste
Pra primeira gravação
Bem na década de 70
72 confirmava
O seu primeiro LP
Naquele ano gravava
Coberto de emoções
Aqueles três corações
Um sonho realizava
Foi um ano de trabalho
Com muita dedicação
A CBS investindo
Na primeira gravação
Acreditou no talento
Confiou no investimento
Feito pela produção
No primeiro LP
Uma deserta vantagem
Num artista consagrado
De carreira e bagagem
Na frente foi o primeiro
Do seu JACKSON DO PANDEIRO
Numa pequena tiragem
Tiragem que já seria
Um segundo LP novo
Convidaram ANTÔNIO BARROS
Pra fazer tudo de novo
Desta vez com mais cuidado
Caprichou bem caprichado
Pra agradar o seu povo
ANTÔNIO veio correndo
Era uma satisfação
Daqueles três nordestinos
Atender com atenção
Sabendo que ajudando
Ele estava lapidando
Um brilhante em sua mão
ANTÔNIO BARROS na época
Era pra arrebentar
Fez o Forró de tamanco
É proibido cochilar
Fez Forró em São Miguel
Inspiração a granel
Tinha tudo pra gravar
ABDIAS atordoado
Com tanta inspiração
E também reconhecendo
O que tinha em sua mão
Com ideia preparada
Gritou pra rapazeada
Vamos para gravação
O segundo LP
Foi de luz foi um clarão
Rádio jornal comentava
Em primeira edição
Já chegando bem pertinho
Bem juntinho e coladinho
De LUIZ REI DO BAIÃO
Grande foi a emoção
E um passo bem ligeiro
Aqueles três nordestinos
Ir cantar no estrangeiro
Não estava em seus planos
Tocar pros BOLIVIANOS
Nosso forró brasileiro
Em toda parte tocava
De NORTE, SUL e SUDESTE
Os caboclos destemidos
Chamados de cabras da peste
Foi no Rio de Janeiro
Onde começou primeiro
O trio 3 do Nordeste
Para as festas juninas
O trio foi emplacando
Graças a seu repertório
Com os três já comandando
Um forró bem verdadeiro
Num estilo brasileiro
Todo país já cantando
Em virtude do conceito
Pelo trio adquirindo
Com o terceiro LP
Era quase percebido
A espera a sensação
Vista a grande aceitação
Pelo povo concebido
O terceiro LP
O público já esperava
Um trabalho de primeira
Todo mundo comentava
Era ímpar a certeza
Já se via com clareza
O que o povo gostava
O trio tinha um destaque
Era o vocal sensação
ZÉ CACAU com a primeira
PACHECO na entonação
PARAFUSO de terceira
Vez descia a primeira
Com estilo perfeição
PARAFUSO é destaque
Também em composição
Tem um dom especial
Também toca violão
Sua inspiração escrita
Quem escuta acredita
Que nasce do coração
Bem no ano de 80
ZÉ CACAU se afastou
Por motivo de doença
Do trio se desligou
Com ZÉ CACAU afastado
Já foi providenciado
Um cabra que conquistou
Um cantor bem do seu nível
Nordestino alagoano
Voz aguda definida
Um tenor quase soprano
Era o cantador zoeira
Foi aceito de primeira
Prosseguindo os shows do ano
ZINHO era o seu nome
Bom de palco sim senhor
Cantava que nem cigarra
Jovem forte e animador
Assumiu e foi brilhante
Toda hora todo instante
Dedicou-se com amor
Logo no ano seguinte
Mais um disco foi gravado
No ano de 81
De autor já consagrado
ZINHO satisfeitamente
Encarou tranquilamente
O que foi determinado
Com a inclusão de ZINHO
Tudo foi de supetão
O conjunto novamente
Estourava no São João
Com "Uma Cama Fofinha"
Que é um xote na linha
De música para o povão
A essa altura o trio
Estava estruturado
Eixo BAHIA ao PARÁ
Sucesso já disparado
Cada vez em evidência
Com um forró transparência
Bem escrito e bem tocado
No ano de 87
Tiveram que se mudar
Foram pra CAMPINA GRANDE
Definitivo morar
Foi a melhor solução
Vir pra sua região
Bem melhor de trabalhar
PARAFUSO e ZÉ PACHECO
Com muita seriedade
Sempre enfrentando tudo
Com maior transparidade
Obstáculos não temiam
Os problemas resolviam
Com muita tranquilidade
De repente o cantor ZINHO
Resolve se afastar
Pensando no seu futuro
E outro rumo tomar
Desligando-se do trio
Deixou um grande vazio
E os fãs a lamentar
PARAFUSO e ZÉ PACHECO
Sempre foram o esteio
Com eles não tem conversa
Muito pouco arrodeio
Nunca adota brincadeira
Sempre tirou de primeira
Tudo que é desasseio
Através de informação
Logo foi localizado
AÉCIO é o nome dele
Cabra moço e bem formado
Por ele ser mais de perto
Tinha tudo pra dar certo
Já foi logo convidado
Respeitado e talentoso
Também com um vozeirão
Era doido por forró
E as coisas lá do SERTÃO
Não pensou nem pelo um fio
Veio correndo ao trio
No ato da intimação
Logo logo preparado
Para uma gravação
"São João Tá Diferente"
Agradou todo povão
Sem perder a evidência
Hoje é uma referência
Do trio pelo Sâo João
AÉCIO também saiu
Por causa particular
Novamente o trio estava
Sem cantor para cantar
3 do Nordeste é glória
Qualquer um faz história
Se pelo trio passar
Desfalcado estava o trio
Mas pronto pra batalhar
Um cantor de competência
Logo tinha de encontrar
DEUS é Grande Justo e Bom
Logo se encontrou MARROM
Disposto para cantar
De uma região oposta
Mas dava bem o recado
No palco era uma fera
Oh! Cabra desmatelado
Outro com o vozeirão
Pingava suor no chão
Com o seu sapatiado
Cada vez os três no palco
E um show pra encantar
Sempre vai se destacando
No cenário popular
Pra eles não é bastante
Cada um é mais brilhante
Cantando em qualquer lugar
O BRASIL todo conhece
Já cantou e está cantando
Os sucessos preferidos
Que o trio vem gravando
Bem no auge do roteiro
Com certeza é o primeiro
A história registrando
Tem palavra que se escreve
Que é ruim de assoletrar
Principalmente a notícia
Quando não é de agradar
Foi o que aconteceu
Na tragédia que se deu
Que veio nos abalar
Tragédia desaforada
Numa hora inconsequente
A quem nosso sanfoneiro
Foi vítima de um acidente
A todos nos abalou
O BRASIL todo chorou
A perda rapidamente
Em 24 de maio
94 era o ano
A morte de ZÉ PACHECO
Retorceu a todo um plano
Já em clima de São João
Em vez de preparação
Só tristeza e desengano
PARAFUSO o zabumbeiro
Homem forte de valor
Conseguiu superar tudo
Com fé em Nosso Senhor
Sempre de cabeça erguida
Sempre achando uma saída
Sem perder o bom humor
MARROM também resolveu
Do grupo se afastar
Pra gravar um disco solo
Outro caminho enfrentar
Gravando independente
Se achou eficiente
Sua carreira tomar
FRANCISCO AJALMAR MAIA
Embalou pra MACEIÓ
A procura de um bichinho
Que cante de Dó a Dó
Pode ser pequeninho
Pretinho ou amarelinho
ASSUM PRETO ou CURIÓ
Encontrado o ASSUM PRETO
Vistoso e bonitão
Tinha presença no palco
Bom de interpretação
Veio somar seu talento
Foi logo um arrebento
Na primeira aparição
PARAFUSO sabiamente
Também foi pro outro lado
Procurar sanfoneiro
Que alguém tinha informado
Em pouco tempo de novo
Cantava para o seu povo
Com o cabra encontrado
ASSUM PRETO e GUARABIRA
Dois cabras bom de lascar
Cantador que nem canário
O outro bom no tocar
Sanfoneiro bom e quente
Maduro e experiente
Já pronto pra viajar
O trio tem uma magia
De sempre vencer a guerra
É a força do forró
Coisa aqui de nossa terra
Como falou SEU LUIZ
O que pude fazer fiz
Pelo nosso pé de serra
Mas logo o ASSUM PRETO
Bateu asas e voou
Rumo a outra direção
Outro destino tomou
Só porque foi convidado
Foi cantar em outro lado
O trio o abandonou
Desta vez não deu trabalho
Um cantor logo encontrar
Veio de SANTA LUZIA
Nosso trio completar
Homem sério competente
Simples e inteligente
Bondoso e popular
Por DEDA é conhecido
Logo se adaptou
Voz bonita e afinada
O trio logo adotou
Desde sua existência
Pela a sua competência
Foi o que melhor cantou
A afinação de DEDA
É coisa da natureza
É uma nota musical
Com nitidez e clareza
Quando DEUS abençoou
Em seguida autorizou
Que fosse essa beleza
PINGO passou pelo trio
Cabra bom desenrolado
Quando puxava a sanfona
Já se ouvia o resfungado
Ele é como um furacão
Faz levantar o poeirão
Não deixa ninguém parado
(Outro recente garoto
Lá das bandas de Monteiro
Gente boa competente
Esse não é bandoleiro
Seu talento vem somar
E vai se patentear
Como um grande sanfoneiro
ADRIANO está no trio
Com certeza pra ficar
Jovem cheio de vontade
E promete decolar
Cheio de muita energia
Sem nenhuma fantasia
Vem para nos alegrar) *
Hoje o trio se encontra
Em perfeita harmonia
DEDA, ADRIANO e PARAFUSO
Deda é só alegria
Os três seguem a história
De sofrimento e glória
Mas com DEUS em companhia
35 anos hoje
É uma vida bem comprida
Representando uma cultura
Tímida, frágil e sofrida
É um passo avançador
Peço a Nosso Senhor
Que nos dê muito mais vida
3 do Nordeste agradece
A muita gente importante
Só não pode citar todos
Porque seria um montante
Nosso abraço apertado
Um grande muito obrigado
A todos nesse instante
A Senhora IVONE VERAS
O trio muito ajudou
Foi como um anjo de guarda
Na hora que precisou
Onde se apresentavam
Muitas roupas que usavam
Foi ela quem costurou
LUSIVETE e LISETE
Mulheres de atenção
Sempre estiveram perto
Com bravura e pé no chão
Trabalhando e lutando
Dando apoio e acompanhando
Com toda dedicação
LISETE principalmente
que se deu de coração
Com a mudança de PACHECO
Assumiu a produção
Com zelo e todo carinho
Trata tudo direitinho
Com muito amor e paixão
O Doutor AJALMAR MAIA
Um grande incentivador
Da cultura nordestina
É um bom conhecedor
Pesquisando o lado certo
Do trio sempre está perto
Amigo e compositor
RILÁVIA e AJALMAR MAIA
Nossa fiel saudação
Por toda nossa amizade
Do fundo do coração
Pra vocês trio o chapéu
Peço a papai do céu
Que lhe cubra de benção
O Doutor JOSÉ MOYSÉS
Tudo de bom alcançou
O início do sucesso
Quando o trio começou
Com o orgulho está vibrando
Em está presenciando
Esta data que chegou
Médico e grande escritor
E também regionalista
Admira a cultura
Dos costumes ao artista
Poeta e compositor
Sempre foi respeitador
A qualquer ponto de vista
MANO VEIO e MANO NOVO
O trio muito ajudou
Lá na Rádio Bandeirante
Onde a dupla passou
Está sempre comentando
Boa referência dando
Onde o trio cantou
JOACIL DE OLIVEIRA
Com o forró do cabeção
Tocava diariamente
Na sua programação
JOACIL sempre presente
Ajudou brilhantemente
O trio com emoção
MASSILON GONZAGA tem
Grande admiração
Sempre ajudou o trio
Sem qualquer outra intenção
Como apresentador
Jornalista e professor
Sempre ouviu com atenção
RONALDO DA CUNHA LIMA
Antes de ser reeleito
Muito ajudou o trio
E também como prefeito
Por isso nossa atenção
Pela sua gratidão
Carinho e muito respeito
Nosso CÁSSIO CUNHA LIMA
Que muito prestigiou
Sempre teve atenção
O trio muito ajudou
Está ligado a história
E a sua trajetória
Com o trio caminhou
Estou quase esgotado
De tanta inspiração
Já falei desse conjunto
Com muita satisfação
Aqui vou finalizando
E vou parabenizando
Do fundo do coração.
* O trecho entre parênteses estava, talvez por erro de impressão, solto fora do texto no livreto. Encaixei-o onde acreditei que ele teria mais sentido.