segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Um cordel para contar os 35 anos d'Os 3 do Nordeste

Como eu havia dito no post Que show é esse!!?!!, comprei um livreto de cordel contando um pouco dos 35 anos de história d'Os 3 do Nordeste. Posto aqui o texto integral de Roberto Moraes.


Os 3 do Nordeste - A Bandeira do Forró
Autor: Roberto Moraes


Dois caboclos nordestinos
Foram ao RIO DE JANEIRO
Chegando lá se encontraram
Tempo depois um terceiro
Todos cheios de esperança
Era um sonho de criança
Como qualquer brasileiro

PACHECO de Rio Tinto
Os outros de João Pessoa
Três rapazes do Nordeste
Gente simples muito boa
Sem temer a desalentos
Estava os três talentos
Remando mesma canoa

ZÉ PACHECO e ZÉ DA EMA
Assim foi o combinado
ZÉ PARAFUSO o terceiro
O trio estava formado
Os três sangue nordestino
A espera que o destino
Decidisse o traçado

Trio Estrela do Norte
Depois Luar do Sertão
Esses os primeiros nomes
Na primeira formação
ZÉ DA EMA ia cantando
E os dois acompanhando
Coco forró e baião

O Senhador do rojão
Que já era produtor
Estava gravando um disco
Com um monte de cantor
Vendo o trio atuante
Convidou naquele instante
Sem prestar nem um favor

Já pronta a coletânea
Tudo já bem preparado
Feita uma excursão
Pro disco ser divulgado
Na hora de viajar
O ZÉ foi se embriagar
E o trio foi desfalcado

Na capital de SERGIPE
Logo ao desembarcar
GENIVAL saiu gritando
Quero um cabra pra cantar
Não precisa ser bonito
Basta ter o requisito
De forró pra interpretar

Alguém logo respondeu:
- Tem ZÉ CACAU DO ROJÃO
- SEU VAVÁ encontro aonde
Esse tal bicho papão
- Num circo que está armado
É um cantador danado
No palco é um furacão

GENIVAL de tão contente
Chega até ficar suado
Em saber que um problema
Estava em fim acabado
E foi ver o show de perto
O cabra foi convidado

ZÉ CACAU era brilhante
Era mesmo um furacão
Ao lado de parafuso
Pulava que só cancão
Todo mundo acenava
Quando PACHECO gritava:
- Aplausos pr'a esse negão

Tocavam em praça pública
Rádio e televisão
Clubes de bairros e boates
Era um show de animação
No forró dando o recado
Tocando xote e xaxado
Já chamavam atenção

Estava se aproximando
Pra ganhar mais um parceiro
Era um artista da época
De gravadora e dinheiro
Foi quando aproximou-se
Devagar e apresentou-se
Como JACKSON DO PANDEIRO

JACKSON DO PANDEIRO estava
Um pouco desenchavido
RAIMUNDINHO seu sanfoneiro
Há pouco tinha morrido
De um mal rapidamente
Deixou JACKSON e sua gente
Com o coração partido

Mas seu JACKSON DO PANDEIRO
Que viu a rapazeada
Convidou os três talentos
Pra free-lance na parada
Eles que só um corisco
Nem pensaram em qualquer risco
Conte com nó pra bocada

Já sabendo o Rei do Ritmo
Que Abdias aprovava
Foi logo o apresentando
Os três cabra que cantva
E sendo um diretor
Musical e produtor
Sucesso ele farejava

Feito um pequeno teste
Para ver os três cantando
Enquanto o trio cantava
Tinha um gravador gravando
Sem eles está percebendo
O que estava acontecendo
A dupla observando

JACKSON e seu ABDIAS
Se deram por convencidos
Como ficaria o nome
Daqueles três atrevidos
Se abraçaram de montão
Prepare a gravação
Que eles estão escolhidos

Feito um questionário
Pra ser feita a votação
Enviaram pro NORDESTE
Pra colher opinião
Rapidamente escolhido
E logo foi recolhido
O título com aprovação

Sugestivo foi o título
Foi cumprida a obrigação
O trio já tinha um nome
Foi unânime a votação
Nascia OS 3 DO NORDESTE
Expressão bem do Nordeste
Pra primeira gravação

Bem na década de 70
72 confirmava
O seu primeiro LP
Naquele ano gravava
Coberto de emoções
Aqueles três corações
Um sonho realizava

Foi um ano de trabalho
Com muita dedicação
A CBS investindo
Na primeira gravação
Acreditou no talento
Confiou no investimento
Feito pela produção

No primeiro LP
Uma deserta vantagem
Num artista consagrado
De carreira e bagagem
Na frente foi o primeiro
Do seu JACKSON DO PANDEIRO
Numa pequena tiragem

Tiragem que já seria
Um segundo LP novo
Convidaram ANTÔNIO BARROS
Pra fazer tudo de novo
Desta vez com mais cuidado
Caprichou bem caprichado
Pra agradar o seu povo

ANTÔNIO veio correndo
Era uma satisfação
Daqueles três nordestinos
Atender com atenção
Sabendo que ajudando
Ele estava lapidando
Um brilhante em sua mão

ANTÔNIO BARROS na época
Era pra arrebentar
Fez o Forró de tamanco
É proibido cochilar
Fez Forró em São Miguel
Inspiração a granel
Tinha tudo pra gravar

ABDIAS atordoado
Com tanta inspiração
E também reconhecendo
O que tinha em sua mão
Com ideia preparada
Gritou pra rapazeada
Vamos para gravação

O segundo LP
Foi de luz foi um clarão
Rádio jornal comentava
Em primeira edição
Já chegando bem pertinho
Bem juntinho e coladinho
De LUIZ REI DO BAIÃO

Grande foi a emoção
E um passo bem ligeiro
Aqueles três nordestinos
Ir cantar no estrangeiro
Não estava em seus planos
Tocar pros BOLIVIANOS
Nosso forró brasileiro

Em toda parte tocava
De NORTE, SUL e SUDESTE
Os caboclos destemidos
Chamados de cabras da peste
Foi no Rio de Janeiro
Onde começou primeiro
O trio 3 do Nordeste

Para as festas juninas
O trio foi emplacando
Graças a seu repertório
Com os três já comandando
Um forró bem verdadeiro
Num estilo brasileiro
Todo país já cantando

Em virtude do conceito
Pelo trio adquirindo
Com o terceiro LP
Era quase percebido
A espera a sensação
Vista a grande aceitação
Pelo povo concebido

O terceiro LP
O público já esperava
Um trabalho de primeira
Todo mundo comentava
Era ímpar a certeza
Já se via com clareza
O que o povo gostava

O trio tinha um destaque
Era o vocal sensação
ZÉ CACAU com a primeira
PACHECO na entonação
PARAFUSO de terceira
Vez descia a primeira
Com estilo perfeição

PARAFUSO é destaque
Também em composição
Tem um dom especial
Também toca violão
Sua inspiração escrita
Quem escuta acredita
Que nasce do coração

Bem no ano de 80
ZÉ CACAU se afastou
Por motivo de doença
Do trio se desligou
Com ZÉ CACAU afastado
Já foi providenciado
Um cabra que conquistou

Um cantor bem do seu nível
Nordestino alagoano
Voz aguda definida
Um tenor quase soprano
Era o cantador zoeira
Foi aceito de primeira
Prosseguindo os shows do ano

ZINHO era o seu nome
Bom de palco sim senhor
Cantava que nem cigarra
Jovem forte e animador
Assumiu e foi brilhante
Toda hora todo instante
Dedicou-se com amor

Logo no ano seguinte
Mais um disco foi gravado
No ano de 81
De autor já consagrado
ZINHO satisfeitamente
Encarou tranquilamente
O que foi determinado

Com a inclusão de ZINHO
Tudo foi de supetão
O conjunto novamente
Estourava no São João
Com "Uma Cama Fofinha"
Que é um xote na linha
De música para o povão

A essa altura o trio
Estava estruturado
Eixo BAHIA ao PARÁ
Sucesso já disparado
Cada vez em evidência
Com um forró transparência
Bem escrito e bem tocado

No ano de 87
Tiveram que se mudar
Foram pra CAMPINA GRANDE
Definitivo morar
Foi a melhor solução
Vir pra sua região
Bem melhor de trabalhar

PARAFUSO e ZÉ PACHECO
Com muita seriedade
Sempre enfrentando tudo
Com maior transparidade
Obstáculos não temiam
Os problemas resolviam
Com muita tranquilidade

De repente o cantor ZINHO
Resolve se afastar
Pensando no seu futuro
E outro rumo tomar
Desligando-se do trio
Deixou um grande vazio
E os fãs a lamentar

PARAFUSO e ZÉ PACHECO
Sempre foram o esteio
Com eles não tem conversa
Muito pouco arrodeio
Nunca adota brincadeira
Sempre tirou de primeira
Tudo que é desasseio

Através de informação
Logo foi localizado
AÉCIO é o nome dele
Cabra moço e bem formado
Por ele ser mais de perto
Tinha tudo pra dar certo
Já foi logo convidado

Respeitado e talentoso
Também com um vozeirão
Era doido por forró
E as coisas lá do SERTÃO
Não pensou nem pelo um fio
Veio correndo ao trio
No ato da intimação

Logo logo preparado
Para uma gravação
"São João Tá Diferente"
Agradou todo povão
Sem perder a evidência
Hoje é uma referência
Do trio pelo Sâo João

AÉCIO também saiu
Por causa particular
Novamente o trio estava
Sem cantor para cantar
3 do Nordeste é glória
Qualquer um faz história
Se pelo trio passar

Desfalcado estava o trio
Mas pronto pra batalhar
Um cantor de competência
Logo tinha de encontrar
DEUS é Grande Justo e Bom
Logo se encontrou MARROM
Disposto para cantar

De uma região oposta
Mas dava bem o recado
No palco era uma fera
Oh! Cabra desmatelado
Outro com o vozeirão
Pingava suor no chão
Com o seu sapatiado

Cada vez os três no palco
E um show pra encantar
Sempre vai se destacando
No cenário popular
Pra eles não é bastante
Cada um é mais brilhante
Cantando em qualquer lugar

O BRASIL todo conhece
Já cantou e está cantando
Os sucessos preferidos
Que o trio vem gravando
Bem no auge do roteiro
Com certeza é o primeiro
A história registrando

Tem palavra que se escreve
Que é ruim de assoletrar
Principalmente a notícia
Quando não é de agradar
Foi o que aconteceu
Na tragédia que se deu
Que veio nos abalar

Tragédia desaforada
Numa hora inconsequente
A quem nosso sanfoneiro
Foi vítima de um acidente
A todos nos abalou
O BRASIL todo chorou
A perda rapidamente

Em 24 de maio
94 era o ano
A morte de ZÉ PACHECO
Retorceu a todo um plano
Já em clima de São João
Em vez de preparação
Só tristeza e desengano

PARAFUSO o zabumbeiro
Homem forte de valor
Conseguiu superar tudo
Com fé em Nosso Senhor
Sempre de cabeça erguida
Sempre achando uma saída
Sem perder o bom humor

MARROM também resolveu
Do grupo se afastar
Pra gravar um disco solo
Outro caminho enfrentar
Gravando independente
Se achou eficiente
Sua carreira tomar

FRANCISCO AJALMAR MAIA
Embalou pra MACEIÓ
A procura de um bichinho
Que cante de Dó a Dó
Pode ser pequeninho
Pretinho ou amarelinho
ASSUM PRETO ou CURIÓ

Encontrado o ASSUM PRETO
Vistoso e bonitão
Tinha presença no palco
Bom de interpretação
Veio somar seu talento
Foi logo um arrebento
Na primeira aparição

PARAFUSO sabiamente
Também foi pro outro lado
Procurar sanfoneiro
Que alguém tinha informado
Em pouco tempo de novo
Cantava para o seu povo
Com o cabra encontrado

ASSUM PRETO e GUARABIRA
Dois cabras bom de lascar
Cantador que nem canário
O outro bom no tocar
Sanfoneiro bom e quente
Maduro e experiente
Já pronto pra viajar

O trio tem uma magia
De sempre vencer a guerra
É a força do forró
Coisa aqui de nossa terra
Como falou SEU LUIZ
O que pude fazer fiz
Pelo nosso pé de serra

Mas logo o ASSUM PRETO
Bateu asas e voou
Rumo a outra direção
Outro destino tomou
Só porque foi convidado
Foi cantar em outro lado
O trio o abandonou

Desta vez não deu trabalho
Um cantor logo encontrar
Veio de SANTA LUZIA
Nosso trio completar
Homem sério competente
Simples e inteligente
Bondoso e popular

Por DEDA é conhecido
Logo se adaptou
Voz bonita e afinada
O trio logo adotou
Desde sua existência
Pela a sua competência
Foi o que melhor cantou

A afinação de DEDA
É coisa da natureza
É uma nota musical
Com nitidez e clareza
Quando DEUS abençoou
Em seguida autorizou
Que fosse essa beleza

PINGO passou pelo trio
Cabra bom desenrolado
Quando puxava a sanfona
Já se ouvia o resfungado
Ele é como um furacão
Faz levantar o poeirão
Não deixa ninguém parado

(Outro recente garoto
Lá das bandas de Monteiro
Gente boa competente
Esse não é bandoleiro
Seu talento vem somar
E vai se patentear
Como um grande sanfoneiro

ADRIANO está no trio
Com certeza pra ficar
Jovem cheio de vontade
E promete decolar
Cheio de muita energia
Sem nenhuma fantasia
Vem para nos alegrar) *

Hoje o trio se encontra
Em perfeita harmonia
DEDA, ADRIANO e PARAFUSO
Deda é só alegria
Os três seguem a história
De sofrimento e glória
Mas com DEUS em companhia

35 anos hoje
É uma vida bem comprida
Representando uma cultura
Tímida, frágil e sofrida
É um passo avançador
Peço a Nosso Senhor
Que nos dê muito mais vida

3 do Nordeste agradece
A muita gente importante
Só não pode citar todos
Porque seria um montante
Nosso abraço apertado
Um grande muito obrigado
A todos nesse instante

A Senhora IVONE VERAS
O trio muito ajudou
Foi como um anjo de guarda
Na hora que precisou
Onde se apresentavam
Muitas roupas que usavam
Foi ela quem costurou

LUSIVETE e LISETE
Mulheres de atenção
Sempre estiveram perto
Com bravura e pé no chão
Trabalhando e lutando
Dando apoio e acompanhando
Com toda dedicação

LISETE principalmente
que se deu de coração
Com a mudança de PACHECO
Assumiu a produção
Com zelo e todo carinho
Trata tudo direitinho
Com muito amor e paixão

O Doutor AJALMAR MAIA
Um grande incentivador
Da cultura nordestina
É um bom conhecedor
Pesquisando o lado certo
Do trio sempre está perto
Amigo e compositor

RILÁVIA e AJALMAR MAIA
Nossa fiel saudação
Por toda nossa amizade
Do fundo do coração
Pra vocês trio o chapéu
Peço a papai do céu
Que lhe cubra de benção

O Doutor JOSÉ MOYSÉS
Tudo de bom alcançou
O início do sucesso
Quando o trio começou
Com o orgulho está vibrando
Em está presenciando
Esta data que chegou

Médico e grande escritor
E também regionalista
Admira a cultura
Dos costumes ao artista
Poeta e compositor
Sempre foi respeitador
A qualquer ponto de vista

MANO VEIO e MANO NOVO
O trio muito ajudou
Lá na Rádio Bandeirante
Onde a dupla passou
Está sempre comentando
Boa referência dando
Onde o trio cantou

JOACIL DE OLIVEIRA
Com o forró do cabeção
Tocava diariamente
Na sua programação
JOACIL sempre presente
Ajudou brilhantemente
O trio com emoção

MASSILON GONZAGA tem
Grande admiração
Sempre ajudou o trio
Sem qualquer outra intenção
Como apresentador
Jornalista e professor
Sempre ouviu com atenção

RONALDO DA CUNHA LIMA
Antes de ser reeleito
Muito ajudou o trio
E também como prefeito
Por isso nossa atenção
Pela sua gratidão
Carinho e muito respeito

Nosso CÁSSIO CUNHA LIMA
Que muito prestigiou
Sempre teve atenção
O trio muito ajudou
Está ligado a história
E a sua trajetória
Com o trio caminhou

Estou quase esgotado
De tanta inspiração
Já falei desse conjunto
Com muita satisfação
Aqui vou finalizando
E vou parabenizando
Do fundo do coração.


* O trecho entre parênteses estava, talvez por erro de impressão, solto fora do texto no livreto. Encaixei-o onde acreditei que ele teria mais sentido.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Hoje eu canto...

Sou super fã deste trio, um dos meus primeiros contatos com o pé de serra e que me mostrou o talento de Zinho; deste vinil, lançado no ano em que eu estava apenas nascendo; e desta música, carregada de emoções.


Reflexo de Ilusão
(Carlinhos Mendes e Regio Cabochar)
Os 3 do Nordeste

1987 - Os 3 do Nordeste
Festa de 15 anos


Coração bandido
Que me mete medo
Leva meu segredo
Leva minha vida
Louca ilusão

Coração de sonhos
Parte de saudade
Tem toda vontade
De rever lembranças
Ecos de paixão

Tem todo canto
Tem toda beleza
Resto de pureza
Tom de animação

Tem o reflexo
D'água cristalina
Olhos de menina
Flor ainda botão

Meu cantar vadio
Cobre a metade
Das totalidades
Dessa ânsia louca
Tanta distração

É o cantar dos sonhos
Coisa de menino
Dá poder e brio
[...]
Soa amplidão

E leva o tempo
E a relidade
Com muita vontade
De compreender

Que era doce
Todo seu pecado
Acariaciado
Pelo seu viver

Esta voz que soa
Por caminho incerto
É um canto aberto
Fonte de alegria
É inspiração

Vai buscar espaço
Neste mundo louco
Pois a poesia
Junto à melodia
Transforma em canção


Baixe esta música: http://www.4shared.com/audio/-CDcY2CM/05_Reflexo_de_Iluso.html.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Que show é esse!!?!!

Foto: Simone Souza.
Nos dias 1 e 2 de novembro aconteceu o 6º Forró da Melancia, um forró já tradicional em BH que reúne forrozeiros de toda Minas Gerais e alguns de outros lugares do país. Foram vários shows excelentes, com muita animação e vontade de fazer crescer o movimento pé de serra. Mas, eu preciso me manifestar com relação a um deles: Os 3 do Nordeste.

Meu début de um show tão maravilhoso aconteceu no último momento do último dia do evento. Nunca havia visto Os 3 do Nordeste ao vivo. Acredito que pelo trio permanecer na sua terra de origem, Campina Grande-PB, seja mais complicada a contratação de shows para o Sudeste, mas isso não vem ao caso. Voltemos ao que interessa.

Os 3 do Nordeste no palco do Lapa Multshow.
Foto: Simone Souza.
Tudo que acontece com a gente pela primeira vez costuma ser inesquecível, e assim foi. Eu estava com muita expectativa, afinal sempre pesquisei sobre o trabalho do trio: músicas, imagens, shows, vídeos... Tudo que estivesse disponível na internet sobre Os 3 do Nordeste virava - e ainda vira - objeto de estudo. A grande parte das músicas que estão no meu celular é deles, de vários períodos, quase sempre marcados pela saída e entrada de músicos (sabemos que o Parafuso é o único membro fundador).

O trio entrou no palco já na madrugada de domingo para segunda-feira. A maior parte do público já havia ido embora, uma pena para o trio e um azar para quem não pode ficar. Já na primeira música pude confirmar minha admiração e constatar também como a escolha de músicos é bem feita: independentemente de quem sobe ao palco, é grande a semelhança do ao vivo com as gravações dos LPs, isso quanto à vibração, à força dos instrumentos e das vozes, à cadência etc.

Deda desce do palco e vai para o meio dos vaqueiros de
plantão. Foto: Simone Souza.
Uma surpresa agradável foi a participação de Edra Veras, filha de Parafuso, e seu trio Os 3 de Campina, que em julho participou, em Itaúnas-ES, do VIII FENFIT, ficando entre os 12 selecionados para participar do CD do evento.

Se não bastasse a qualidade e a emoção de ter ídolos vivos (erradamente deixamos para homenagear as pessoas depois que elas se vão), pude ver se manifestar a satisfação pelo reconhecimento quando Deda, triângulo e voz, desceu do palco super alto do Lapa Multshow e cantou lado a lado das poucas pessoas que abriram mão de uma noite de sono antes do trabalho para ver de perto e ouvir músicas que fizeram com que boa parte dos forrozeiros estivessem pelos forrós espalhados em todo Brasil.

Deda e eu: nem cantando
deixou de atender aos tietes
com câmeras a postos.
Foto: Gleison Rodrigues.
Como boa tiete que sou, comprei CD e um lindo livreto de Literatura de Cordel contando a história do trio. Em 2005 foram comemorados os 35 anos de estrada com um CD e um DVD.

É uma pena que sejam poucas as vezes que o trio se apresenta no Sudeste. Se eu não estou enganada, Os 3 do Nordeste havia tocado em Belo Horizonte pela última vez no ano de 2004. O bom é pensar que shows como esse são raridades... E que eu estive lá para ver tudo isso!


Baixe a música "Os 3 do Nordeste cantam a sua história": http://www.4shared.com/audio/aQOB60Dj/28_Cantam_sua_histria.html.